sábado, 16 de março de 2013

Participantes



Ana Catarina Antunes
Catarina Matos Silva
Cristina Vilas
Elisa Matias
Eugénia Rosa Fonseca
Giorgio Borlin
José Joaquim Roque
Luisa Fernanda Schuck
Luís Miguel Gonçalves
Marco Santos
Pedro Gonçalves
Rui Fernandes
Susana Duarte
Tiago Ramos
Tiziana Conti
Tomás Reis

domingo, 3 de março de 2013

especifidades da construção em palha

Há registos que apontam para o uso da palha como material de construção desde o Paleolítico. No entanto, a invenção da prensa, no século XIX, permitiu a produção de fardos de palha de dimensões standardizadas, uma inovação que facilitou os processos construtivos.

A palha permite uma economia de tempo na sua construção, dependendo do sistema estrutural utilizado. Os fardos podem ser auto-portantes ou servir como enchimento das paredes. Actualmente, porém, têm-se criado sistemas modulares, que permitem o uso da palha em edifícios improváveis, em locais como o centro de Amsterdão.

Apesar de haver edifícios de diferentes escalas e tipologias disseminados um pouco por toda a europa setentrional, existe um misto de desconfiança e curiosidade pelo material. Trata-se talvez de uma inevitabilidade, pois que esta é quase uma novidade em Portugal.

Há ideias que convém desmitificar: a de que a palha pega fogo, apodrece com facilidade, é um ninho de ratos e é pouco resistente. Antes pelo contrário. Se for bem utilizada, não só é resistente a incêndios, mas também garante isolamento térmico e protecção contra as intempéries.

A palha deve ser presa por cintas ou varas e o reboco deve ter a espessura suficiente. Há que acautelar também o aumento das dimensões do beiral do telhado, afim de proteger a fachada exterior das chuvas. É prática comum em quintas empilhar fardos de palha junto à fachada dos edifícios já existentes, para aumentar o isolamento térmico, sem qualquer protecção às intempéries. Um reboco porém protege os fardos de palha, garantindo assim uma grande durabilidade.

Catarina Pinto chamou a atenção para a diferença entre palha e feno: o fardo de palha não deve conter sementes e deve ser de trigo ou centeio, desaconselháveis para construção. Com este material, pois, já se construíram edifícios de diferentes escalas e tipologias: desde uma biblioteca no Reino Unido, a um edifício habitacional de quatro pisos numa aldeia dos Alpes italianos. A palha ocuta faz milagres!

Entre os trunfos do material conta-se o seu custo baixo no final da obra (comparável com o da alvenaria). Mas as principais vantagens residem na sustentabilidade dos recursos e no ciclo de vida do material. Consome-se bastante menos energia que na produção de betão e, durante o uso, o isolamento térmico garante uma redução da necessidade de aquecimento do espaço interior.

Todavia permanecem alguns entraves. Para além de haver menos mão-de-obra qualificada, a construção é mais morosa, principalmente se tivermos em conta o reboco. No que diz respeito ao licenciamento, não existe ainda legislação disponível. Só disseminando o uso da palha como material de construção conseguiremos contornar o actual vazio regulamentar, o desconhecimento e o preconceito.


especificidades dos rebocos em barro

Numa altura em que passamos pelo menos 90% do nosso tempo em espaços interiores, melhorar a qualidade do ar interior é um desígnio perante o qual os rebocos em barro constituem uma resposta praticável, se não incontornável.

Sendo feitos de materiais naturais, não produzem os vapores tóxicos das tintas sintéticas, cujos componentes podem ser cancerígenos ou cujo impacto na saúde humana é desconhecido. Os rebocos em barro, pelo contrário, foram usados e melhorados ao longo de gerações, uma garantia que não existe nos materiais sintéticos mais recentes.

Os rebocos de barro são uma herança que, mais do que preservar, importa divulgar e disseminar. Para além de não serem tóxicos, asseguram o equilíbrio térmico e um nível de humidade constante no espaço interior (graças à capacidade que o barro tem de absorver e de libertar vapor de água).

Joachim Reinecke apresentou as características e os benefícios dos rebocos naturais, mas não escondeu os maiores desafios. Para além de exigir mão-de-obra mais numerosa e qualificada (e que influencia o preço da obra), a escolha da argila e das areias deve ser judiciosa, caso contrário o desempenho do reboco é seriamente comprometido.

Quando é bem aplicado, barro ajusta-se diferentes soluções e permite toda uma gama de acabamentos e texturas, principalmente quando aliado à cal - com ou sem pigmentos.

A durabilidade do reboco não é comprometida quando há uma boa impermeabilização, conseguida com materiais como óleo de linhaça, cal hidráulica ou água de vidro. Quando, anos volvidos, o reboco já não agrada o proprietário da casa, este pode ser removido, misturado com água, reutilizado e aplicado na casa do vizinho.

Apesar de todas as vantagens do reboco de barro, o seu carácter artesanal parece opor-se à tendência para a massificação. É que, à luz dos critérios economicistas de eficiência que regem os tempos actuais, o reboco de barro dificilmente pode competir com soluções que usam materiais sintéticos. No entanto, há que repensar a forma de construir. Nem sempre a solução mais barata na fase de construção é a mais duradoira, ou a que mais contribui para a sustentabilidade dos recursos ou a saúde e bem-estar individual, comunitário e global.

sábado, 2 de março de 2013

Traços das argamassas


Ao longo desta semana de trabalho foram preparadas inúmeras argamassas sempre com a supervisão e sapiência de técnicos experimentados que nos foram fazendo companhia ao longo destes dias.  O Prof. Rui Simões foi apontando no seu caderno os traços das diversas argamassas preparadas compilando uma serie de informação muito útil que deixamos aqui registada.

Reboco de Barro (Joachim Reinecke - embarro)
  • Salpisco
1,5 parte de areia de rio n/ lavada

1 parte de areia de rio lavada

1 parte de argila

25% de água

  • Emboço
1 parte de areia de rio grossa lavada

1 parte de areia de rio fina lavada

1 parte de argila

20% água

10% palha

  • Reboco
1 parte de areia de rio grossa lavada

2 parte de areia de rio fina lavada

1 parte de argila

20% de água

10% palha

Reboco de Cal (prof. José Lima Ferreira - ISMAT)
  • Emboço
4 parte de areia de rio grossa lavada

1 parte de cal hidraulica

20% água

  • Reboco p/ assentamento de azulejo
1 parte de areia de rio grossa lavada

2 parte de areia de rio fina lavada

1 parte de cal

20% de água


As equipas

Este estúdio não teria sido possível sem o empenho dos alunos que nele participaram. Em baixo, podemos ver a equipa da manhã e a equipa da tarde na foto de grupo que assinala o fim das respectivas sessões de trabalho na Horta do Monte.








sexta-feira, 1 de março de 2013

Dia 5 - Acabamentos

Hohe foi o último dia de trabalho na Horta do Monte. Procedeu-se à finalização do módulo 2 com a colocação de cacos de ladrilho nos dois bancos que estavam por finalizar e limpou-se o terreno em redor dos bancos.

Como os produtos à base de argila têm tempos de secagem dilatados será ainda necessário aplicar uma velatura à base de óleo de linhaça no espaço de 2 semanas logo que o reboco de argila fique completamente seco, garantindo então a impermeabilidade do módulo 1. O módulo 2, por ter sido rebocado a cal, não carece de outro acabamento e está pronto a ser usado.