Numa altura em que passamos pelo menos
90% do nosso tempo em espaços interiores, melhorar
a qualidade do ar interior
é um desígnio perante o qual os rebocos em barro constituem
uma resposta praticável, se não incontornável.
Sendo feitos de materiais naturais,
não produzem os vapores tóxicos das tintas sintéticas, cujos
componentes podem ser cancerígenos ou cujo impacto na saúde
humana é desconhecido. Os rebocos em barro, pelo contrário, foram
usados e melhorados ao longo de gerações, uma garantia que não
existe nos materiais sintéticos mais recentes.
Os rebocos de barro são uma herança
que, mais do que preservar, importa
divulgar e disseminar. Para além de não serem tóxicos,
asseguram o equilíbrio térmico e um nível de humidade
constante no espaço interior (graças à capacidade que o barro
tem de absorver e de libertar vapor de água).
Joachim Reinecke apresentou as
características e os benefícios dos rebocos naturais, mas não
escondeu os maiores desafios. Para além de exigir mão-de-obra
mais numerosa e qualificada (e que influencia o preço da
obra), a escolha da argila e das areias deve ser judiciosa, caso
contrário o desempenho do reboco é seriamente comprometido.
Quando é bem aplicado, barro ajusta-se
diferentes soluções e permite toda uma gama de acabamentos e
texturas, principalmente quando aliado à cal - com ou sem
pigmentos.
A durabilidade do reboco não é
comprometida quando há uma boa impermeabilização, conseguida com
materiais como óleo de linhaça, cal hidráulica ou água de vidro.
Quando, anos volvidos, o reboco já não agrada o proprietário da
casa, este pode ser removido, misturado com água, reutilizado
e aplicado na casa do vizinho.
Apesar de todas as vantagens do reboco
de barro, o seu carácter artesanal parece opor-se à tendência para
a massificação. É que, à luz dos critérios economicistas de
eficiência que regem os tempos actuais, o reboco de barro
dificilmente pode competir com soluções que usam materiais
sintéticos. No entanto, há que repensar a forma de construir. Nem
sempre a solução mais barata na fase de construção é a mais
duradoira, ou a que mais contribui para a sustentabilidade dos
recursos ou a saúde e bem-estar individual, comunitário e global.
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