domingo, 3 de março de 2013

especificidades dos rebocos em barro

Numa altura em que passamos pelo menos 90% do nosso tempo em espaços interiores, melhorar a qualidade do ar interior é um desígnio perante o qual os rebocos em barro constituem uma resposta praticável, se não incontornável.

Sendo feitos de materiais naturais, não produzem os vapores tóxicos das tintas sintéticas, cujos componentes podem ser cancerígenos ou cujo impacto na saúde humana é desconhecido. Os rebocos em barro, pelo contrário, foram usados e melhorados ao longo de gerações, uma garantia que não existe nos materiais sintéticos mais recentes.

Os rebocos de barro são uma herança que, mais do que preservar, importa divulgar e disseminar. Para além de não serem tóxicos, asseguram o equilíbrio térmico e um nível de humidade constante no espaço interior (graças à capacidade que o barro tem de absorver e de libertar vapor de água).

Joachim Reinecke apresentou as características e os benefícios dos rebocos naturais, mas não escondeu os maiores desafios. Para além de exigir mão-de-obra mais numerosa e qualificada (e que influencia o preço da obra), a escolha da argila e das areias deve ser judiciosa, caso contrário o desempenho do reboco é seriamente comprometido.

Quando é bem aplicado, barro ajusta-se diferentes soluções e permite toda uma gama de acabamentos e texturas, principalmente quando aliado à cal - com ou sem pigmentos.

A durabilidade do reboco não é comprometida quando há uma boa impermeabilização, conseguida com materiais como óleo de linhaça, cal hidráulica ou água de vidro. Quando, anos volvidos, o reboco já não agrada o proprietário da casa, este pode ser removido, misturado com água, reutilizado e aplicado na casa do vizinho.

Apesar de todas as vantagens do reboco de barro, o seu carácter artesanal parece opor-se à tendência para a massificação. É que, à luz dos critérios economicistas de eficiência que regem os tempos actuais, o reboco de barro dificilmente pode competir com soluções que usam materiais sintéticos. No entanto, há que repensar a forma de construir. Nem sempre a solução mais barata na fase de construção é a mais duradoira, ou a que mais contribui para a sustentabilidade dos recursos ou a saúde e bem-estar individual, comunitário e global.

Sem comentários:

Enviar um comentário