Há registos que apontam para o uso da
palha como material de construção desde o Paleolítico. No
entanto, a invenção da prensa, no século XIX, permitiu a
produção de fardos de palha de dimensões standardizadas, uma
inovação que facilitou os processos construtivos.
A palha permite uma economia de tempo
na sua construção, dependendo do sistema estrutural utilizado. Os
fardos podem ser auto-portantes ou servir como enchimento
das paredes. Actualmente, porém, têm-se criado sistemas
modulares, que permitem o uso da palha em edifícios improváveis,
em locais como o centro de Amsterdão.
Apesar de haver edifícios de
diferentes escalas e tipologias disseminados um pouco por toda
a europa setentrional, existe um misto de desconfiança e curiosidade
pelo material. Trata-se talvez de uma inevitabilidade, pois que esta é
quase uma novidade em Portugal.
Há ideias que convém desmitificar:
a de que a palha pega fogo, apodrece com facilidade, é um ninho de
ratos e é pouco resistente. Antes pelo contrário. Se for bem
utilizada, não só é resistente a incêndios, mas também garante
isolamento térmico e protecção contra as intempéries.
A palha deve ser presa por cintas ou
varas e o reboco deve ter a espessura suficiente. Há que acautelar
também o aumento das dimensões do beiral do telhado, afim de
proteger a fachada exterior das chuvas. É prática comum em quintas empilhar
fardos de palha junto à fachada dos edifícios já existentes, para aumentar o isolamento térmico,
sem qualquer protecção às intempéries. Um reboco porém protege os fardos de palha, garantindo assim uma grande durabilidade.
Catarina Pinto chamou a atenção para
a diferença entre palha e feno: o fardo de palha não deve
conter sementes e deve ser de trigo ou centeio, desaconselháveis
para construção. Com este material, pois, já se construíram
edifícios de diferentes escalas e tipologias: desde uma biblioteca
no Reino Unido, a um edifício habitacional de quatro pisos numa
aldeia dos Alpes italianos. A palha ocuta faz milagres!
Entre os trunfos do material conta-se o
seu custo baixo no final da obra (comparável com o da
alvenaria). Mas as principais vantagens residem na sustentabilidade
dos recursos e no ciclo de vida do
material. Consome-se
bastante menos energia que na produção de betão e, durante o uso,
o isolamento térmico
garante uma redução da necessidade de aquecimento do espaço
interior.
Todavia permanecem alguns entraves.
Para além de haver menos mão-de-obra qualificada, a construção é
mais morosa, principalmente se tivermos em conta o reboco. No que diz
respeito ao licenciamento, não existe ainda legislação
disponível. Só disseminando o uso da palha como material de
construção conseguiremos contornar o actual vazio regulamentar, o
desconhecimento e o preconceito.
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